terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Simplesmente Eu, Clarice Lispector

Este é o título do monólogo escrito, dirigido e interpretado pela atriz Beth Goulart.

O espetáculo é formado por fragmentos da entrevista que Lispector concedeu a um repórter da TV Cultura (a única entrevista concedida por ela), cartas e obras da escritora.

No monólogo, a atriz faz reflexões sobre diversos temas cotidianos, entre eles o amor, Deus, morte etc.

Em "Simplesmente eu, Clarice Lispector", Beth Goulart interpreta, mais do que a escritora e suas personagens, fragmentos que reconhece em si mesma: "Usando as palavras dela, eu também estou falando de mim".
Na peça, ela faz reflexões sobre temas diversos e trabalha pontos característicos da obra de Lispector, como o vazio, o silêncio e o instante-já, "aquele momento único, que é como um flash", explica a atriz. - Eu sempre acalentei essa vontade de um dia poder dar meu corpo, minha voz, minhas emoções para colocá-la viva em cena. Ela falava sobre o amor maternal, o do relacionamento, o amor a Deus, à natureza, ao próximo. Escolhi esse viés para apresentá-la ao público. O espetáculo todo é como se fosse uma grande folha em branco a ser escrita por esses personagens, pelos movimentos, pelas ações, pela luz - comenta Beth Goulart.

PS: Trecho retirado do site http://www.cenapaulistana.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1278%3Asimplesmente-eu-clarisse-lispector-resumo&lang=

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"A hora da estrela" - RESUMO

A história é narrada por Rodrigo S.M. Este, em momentos se compadece com a história de sua personagem, em outros odeia-a.

Macabéa é uma nordestina, alagoana, que vai morar com a tia após a morte de sua mãe.

Aos dezenove anos sua tia morre e ela vai morar numa pensão com outras quatros meninas, que trabalham nas Lojas Americanas. Para ter um pouquinho de dinheiro, sobrevive a base de cachorro-quente.

Macabéa se diz datilógrafa, mas é despedida por errar muito ao datilografar e por "emporcalhar" os documentos do escritório.

Num dia de chuva, Macabéa conhece Olímpico de Jesus, que se apresenta como "Olímpico de Jesus Moreira Chaves, metalúrgico, paraibano". Inicia-se então, um namoro mudo.

Macabéa não sabia falar, ou melhor, não sabia utilizar as palavras. Gostava de escutar a Rádio Relógio, pois os locutores sempre diziam palavras difíceis, que ela aprendia, mas nunca sabia como usá-las.

Olímpico de Jesus, embora se "mostrasse" superior, era dotado das mesmas faculdades linguísticas que ela, ou seja, também não sabia como utilizar as palavras.

Olímpico conhece Glória, colega de trabalho de Macabéa, que se julgava bonita e sensual. Iniciam um namoro e ele, termina com Macabéa.

Glória tirou tudo o que Macabéa conquistou: o emprego e o namorado.

Num momento de tristeza e desilusão, Macabéa pinta os lábios de vermelho, na esperança de se parecer com Marilyn Monroe. Uma tentativa inútil e gozada por Glória.

Glória convida Macabéa para um lanche em sua casa, pois quer esclarecer as coisas.

Quando Macabéa chega, Glória percebe que ela não está bem e sugere que ela vá ao médico.

Macabéa segue o conselho de Glória e é diagnosticada com tuberculose.

Glória então sugere que ela procure uma cartomante, para saber o seu futuro e se terá algum amor verdadeiro.

Mais uma vez Macabéa segue os conselhos de Glória e procura a cartomante. Ao chegar, a cartomante percebe a tristeza nos ollhos da menina e mente para ela, dizendo que ela será feliz e conhecerá seu príncipe encantado.

Macabéa sai da casa da cartomante feliz e é atropelada por um Mercedes Benz ouro. Macabéa vomita um pouco de sangue, mas deseja vomitar uma estrela de mil pontas, pois neste momento ela conhece o seu príncipe, embora o encontro seja interrompido pela morte.

Chega-se assim a sua hora, a hora da estrela.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Complexa

Um dia desses, numa rede social, uma pessoa me disse que "Clarice Lispector é muito complexa e sempre será uma incognita para o mundo."

Pensei muito no que essa pessoa me disse. Muitas pessoas, estudiosos renomados e especializados nas obras clariceana já disseram isso, mas o que mais me chamou a atenção, foi um leigo falar em complexidade.

É claro que estudar Lispector não é fácil, mas o que me impressionou - e impressiona sempre - é que pessoas que nunca leram Clarice Lispector, se limitam em propagar um conceito comum.

"Clarice era depressiva"; "estudá-la é coisa de maluco"; "ela era louca"; "mal amada"; e por aí vão as frases feitas e o senso comum.

Poxa vida, será que dá pra tentar - pelo menos - ler "A hora da estrela" antes de esteriotipá-la?!?!?

As obras de Lispector são introspectivas, cheias de simbologias, metafóricas, cotidianas e mais um leque infinito de características. Não é uma leitura fácil, ao contrário, chegam a ser maçantes em determinados momentos, mas retratam a alma humana.

Ninguém conseguiu desvendar a alma humana e seus mistérios tão bem quanto ela. E o ser humano é um ser complexo, portanto suas obras não poderiam ser menos complexas que a complexidade do homem!!!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Das vantagens de ser bobo - Clarice Lispector

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

*Texto indicado pela Tamyres >> http://resenhaecultura.blogspot.com/

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A escolha do tema do meu TCC

Em julho/2010 concluí a faculdade de Letras, pela Veris, em Sorocaba.

Antes de terminar o curso veio o tão temído TCC.

Eu já tinha uma ideia do que queria fazer, mas não tinha nada especificado. Minha única certeza: meu TCC seria sobre Clarice Lispector.

Conversei com uma professora e pedi que ela me orientasse no trabalho e ela sugeriu o tema e o livro "A paixão segundo G.H."

Ao lê-lo pela primeira vez, quase desisti, pois é um livro extremamente difícil de interpretar e entender, mas eu tinha de me superar, ainda mais depois de ter escutado a seguinte frase da minha - até então - orientadora: "todo mundo que sugeri este livro, desistiu".

No quarto semestre da faculdade engravidei e tudo ficou mais complicado. No quinto semestre peguei o período de gripe suína (H1N1) não pude frequentar as aulas e em outubro peguei licença maternidade.

Voltei pra faculdade em fevereiro de 2010 e meu TCC estava completamente paralisado.

Em abril a Giovana (minha orientadora), teve um sério problema de saúde e precisou se afastar, assim, ficamos (pq o TCC era em dupla) na "mão".

Em maio trocamos de orientadora e em duas semanas o TCC ficou pronto.

O tema foi: "A via-crúcis do gênero humano presente na obra 'A paixão segundo G.H.'"

Este trabalho foca a personagem G.H., uma escritora de classe média, que não encontra sentido para a sua vida até se deparar com uma barata.

G.H. tem pânico de barata, mas ao se deparar com uma barata no armário da ex-empregada, tem o instinto de matá-la, esmagá-la. Ao fazer isso, vê o plasma saindo de dentro da barata esmagada e num ímpeto resolve esperimentá-lo.

A partir daí, G.H. passa por uma transformação interior, começa a repensar sua vida e seus atos, coloca-se no lugar de uma cristã, devota de Maria, que ela vê na imagem da barata.

Não se sabe se sua transformação foi eterna, mas sabe-se que ela se transformou. Ela que por profissão, transformava as coisas!

Obras de e sobre Clarice Lispector (Editora Rocco)

2002 - Correspondências - Organização: Teresa Montero
2004 - Aprendendo a viver Crônicas - Organização: Pedro Karp Vasquez
2005 - Aprendendo a viver - Edição de texto: Teresa Montero Edição de imagens: Luiz Ferreira; Outros escritos - Organização: Lícia Manzo e Teresa Montero
2006 - Correio feminino - Organização: Aparecida Maria Nunes; A hora da estrela - Edição especial com áudio-livro
2007 - Clarice Lispector - Entrevistas; Minhas queridas - Organização:Teresa Montero
2008 -  Só para Mulheres - Organização: Aparecida Maria Nunes; A descoberta do Mundo - (Com novo projeto gráfico de capa)
2009 - Clarice na cabeceira - Contos - Organização: Teresa Montero
2010 - De amor e amizade – Crônicas para jovens - Organização: Pedro Karp Vasquez; De escrita e vida – Crônicas para jovens - Organização: Pedro Karp Vasquez; Clarice na cabeceira - Crônicas Organização: Teresa Montero; O mistério do coelho pensante e outros contos (infantil)

Obras 1943 - 1990

1943 - Perto do coração selvagem
1946 - O lustre
1949 - A cidade sitiada
1960 - Laços de Família
1961 - A maçã no escuro
1964 - Legião estrangeira; A paixão segundo G.H.*
1967 - O mistério do coelho pensante (infantil)
1968 - A mulher que matou os peixes (infantil)
1969 - Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres
1971 - Felicidade clandestina
1973 - Água viva
1974 - Onde estiveste de noite; A via crúcis do corpo; A vida íntima de Laura
1977 - A hora da estrela
1978 - Para não esquecer; Um sopro de vida; Quase verdade
1979 - A bela e a fera
1987 - Como nasceram as estrelas (infantil)

*Livro base do meu TCC com o tema: "A via-crúcis do gênero humano presente na obra 'A paixão segundo G.H.'"